segunda-feira, 26 de julho de 2010

Análise: Crise na Europa e EUA ajuda a piorar contas externas do Brasil

O relatório de contas externas do Banco Central é uma das notas mais complexas sobre a economia brasileiras, porque reúne os dados de todas as transações com o exterior.

De um lado da conta estão as relações comerciais, gastos com serviços e envio de rendas, que são as transações correntes. Do outro lado estão os investimentos estrangeiros que financiam o resultado negativo dessas transações.

No primeiro semestre de 2010, o aumento das remessas de lucros e dividendos levou o Brasil a registrar o pior resultado nas suas transações com o exterior em 63 anos.

Esse movimento pode ser explicado pelo bom desempenho da economia brasileira em relação a outros países. Como lucram mais por aqui, as empresas enviam mais recursos para ajudar as matrizes. Parte das remessas reflete também o retorno de investimentos feitos nos últimos anos.

As empresas que mais enviaram recursos no ano foram de veículos, química e energia.

Para economistas, esse retorno de investimentos deve continuar até que haja uma recuperação da economia Europeia, responsável por boa parte desses investimentos.

A saída recorde de recursos também reflete a queda no saldo comercial e o aumento nas viagens dos turistas brasileiros para o exterior, que também entram nessa conta.

Em relação aos investimentos, a crise também reduziu a entrada de dinheiro para as empresas, mas ajudou a trazer dinheiro para a Bolsa. Com isso, o país ficou mais dependente dos investimentos em ações e títulos públicos para fechar suas contas.

Quando um país tem resultados negativos nas suas contas externas, a tendência é de desvalorização da sua moeda.

No caso do Brasil, no entanto, as apostas ainda são de que o real continue se valorizando. Primeiro, porque o Brasil possui nível recorde de reservas internacionais. Segundo, porque as altas taxas de juros levam os bancos a pegarem dinheiro lá fora, mais barato, para aplicar aqui.


FONTE: EDUARDO CUCOLO,DE BRASÍLIA,1.folha.uol.com.br/mercado/773008

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