sábado, 14 de agosto de 2010

Irã decide hoje sentença de mulher acusada de adultério

AFP e THE GUARDIAN - O Estado de S.Paulo
A Justiça iraniana deve decidir hoje a pena da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento. Ontem, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, afirmou que o Brasil oficializou a oferta de asilo para receber Sakineh. Ele ressaltou que a proposta para evitar a execução não é uma negociação, mas um "apelo" ao governo iraniano.

O chanceler brasileiro comparou o caso de Sakineh com a prisão da francesa Clotilde Reiss, libertada por Teerã após mediação que incluiu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante visita ao país, em maio.

"Clotilde era uma cidadã estrangeira, o que nos dava uma margem de negociação maior", afirmou. Como Sakineh é iraniana, Teerã teria autonomia para decidir sua condenação.

Amorim rechaçou a afirmação do embaixador iraniano em Brasília, Mohsen Shaterzadeh, de que o Irã não teria recebido nenhuma oferta oficial de asilo. "Quando um embaixador brasileiro em Teerã comunica algo que o presidente Lula disse, o faz de forma oficial. Isso, para nós, é uma formalização da proposta de asilo, mesmo que não seja por escrito", disse o chanceler.

De acordo com Amorim, o presidente Lula fez um pedido claro com base em razões humanitárias, segundo a sensibilidade brasileira. "Isto foi transmitido às autoridades iranianas. Vamos ver o que acontece."

Sakineh foi condenada em 2006 por "relações ilícitas" após a morte do marido e recebeu pena de 99 chibatadas. Seu processo foi reaberto e ela foi condenada por adultério à morte por apedrejamento. Há duas semanas, o Irã sustentou que ela tinha também ajudado a matar seu marido. Seu advogado, Mohammed Mostafaei, fugiu do Irã e pediu asilo à Noruega. Segundo o jornal britânico The Guardian, Teerã revisa secretamente as condenações por apedrejamento, substituindo-as por enforcamento, para evitar críticas internacionais.

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