sábado, 21 de agosto de 2010

Debate revela que eleitor é quem sabe das coisas

Não sei se é fruto do exercício da democracia ou de certo cansaço em relação a tudo o que vê e ouve, mas o debate de hoje no Tuca, onde Folha e UOL reuniram Marina, Serra e Dilma, é o segundo evento dessa natureza em que presencio o eleitor mandar tudo às favas ou, simplesmente, soltar o verbo ali, na lata.

Chega de intermediários parece ser o lema de 2010. Há uma semana, no debate da Band entre os candidatos ao governo do Rio de Janeiro, percebi pela primeira vez que algo havia mudado. Enquanto todos se uniam na tentativa de desconstruir Sergio Cabral ou o menos expressivo questionava as alianças de Fernando Gabeira, o eleitor botou a cara no vídeo e chamou todo mundo às falas.

“Se for eleito o senhor vai fazer o que para resolver tal problema?” Hoje foi a mesma coisa. Dilma falou mal de Fernando Henrique, mentiu sobre inflação e não disse coisa com coisa sobre o que já dissera a respeito de aborto. Serra baixou o sarrafo no PT, chamou Dilma de mentirosa e bateu no peito: governar é com ele mesmo. Marina, bondosa senhora, esculhambou com os dois (mais com Serra). Puro blábláblá.

Mas aí entrou em cena o internauta, este eleitor em estado bruto, e salvou o debate. O primeiro já sentou a borduna em Dilma ao perguntar como ela se sentia no papel de alternativa derradeira, já que Zé Dirceu, Palocci e Genoíno tinham metido a mão inteira na tomada. O segundo indagou de Serra como justificava os “picaretas” que hoje aponta na campanha do PT terem sido seus aliados por tantos anos. Saia justa geral. E por aí foram os internautas. Preço do pedágio, impostos, a vida real, enfim. Tornaram-se a garantia de um bom debate. Viva o eleitor.


Xico Vargas, Folha de São Paulo

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